Que triste fim, esperar a morte chegar. Terça ou sábado, tanto faz.
Um dia, sábado foi especial. Todas as filhas reunidas, música alta, cheiro de churrasco e sal. Os dentes mal cabiam na boca, de tanto que ria. Toca varrer o quintal, limpar o neto e ouvir os lamentos do genro.
Todos queriam ficar por perto. Era importante, apresentava solução pra tudo, se interessava pela vida do outro, era boa companhia.
Hoje é só sofá. O som da voz vem para alertar sobre a dor nas pernas e o desejo de ir embora. Sem filhas e música, os dentes saíram da boca direto para o copo d’água. Nem as lembranças lhe pertencem mais, não sabe onde encontrá-las.
A casa não é sua. Nem a cama, nem a mão que ajuda durante o banho. De som, só o da televisão. Companheira que justifica seu silêncio.
Terça ou sábado? Realmente, tanto faz. Não quer agir. Deixa como está, fica pra próxima. A vida já foi. O corpo que se perdeu e ficou aqui, grudado no sofá.
perturbadoramente sensíveis estas palavras. ou sou só eu. demais.
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