quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Quem sou eu e o que é o "Perfil de Alguém"

"Perfil de Alguém" é o segundo filho de uma jovem que se casou com a paixão pelas palavras e o interesse pelas pessoas. Após ter finalizado o trabalho do livro-reportagem Vidas Alternativas, meu projeto de conclusão de curso da Faculdade de Jornalismo, a vontade de escrever só aumentou e continua a latejar diariamente em minha vida.

Sendo assim, esse blog será um espaço dedicado a se conhecer um pouco sobre alguém. Alguém que pode ter se sentado ao seu lado no ônibus ou esperado pela luz verde do semáforo no carro ao lado (enquanto cutucava o nariz), uma existência da qual você nunca se deu conta. Alguém tão alguém quanto você.

Pelo texto abaixo agradeço ao Curso Abril de Jornalismo já que, se não fosse por este, eu nunca me dedicaria a escrever o meu próprio perfil.

Prazer, Marcela!



Um pouco de muito

Em um mundo onde existem médicos, mecânicos e macumbeiros, é muito difícil para uma jovem curiosa de 17 anos escolher apenas uma carreira para acompanhá-la por toda vida. Quando chegou o momento do juízo final, eu estava tão pronta quanto uma banana verde presa ao cacho. A cada semana me imaginava fantasiada de uma profissão diferente. Mas o que seria um jornalista, se não alguém que deve saber da anatomia do corpo humano, da física do automóvel, dos santos do terreiro e de um pouco de tudo o que existe?
 
Aos 11 anos de idade começou a fazer parte da rotina acompanhar minha mãe durante as visitas ao supermercado. Aguardava ansiosamente por aquele bate-bate de carrinhos por um motivo: adorava observar as pessoas como ratos ligeiros entre as prateleiras e imaginar como eram suas vidas quando não estavam ali, escolhendo tomates. “Será que é casada? Mora só? Tem um gato de estimação chamado Téo?”. Inspirada por tantos personagens, escrevia histórias e mais histórias. Hoje, três grandes pastas de plástico protegem o tesouro de uma criança considerada maluca pelos colegas e criativa pela família.
 
É claro que existem situações nas quais não estou escrevendo. São aquelas em que as palavras saem pela boca ao invés de no papel. Esperar que o elevador chegue ao andar selecionado nunca foi sinônimo de sofrimento para mim, que sempre saí dessa situação clichê, repleta de minutos vergonhosos, com um novo amigo. As senhorinhas do ônibus me adoram, garanto.
 
Em meio a tantas dúvidas e questionamentos, a necessidade de ter contato com as pessoas e saber um pouco sobre todas as coisas sempre esteve tão clara para mim quanto a existência do sol e da lua. Irmã mais nova de três advogados, filhos de pai juiz, escolhi cursar Comunicação Social. Na minha vida de heroína com identidade secreta, sou estudante de Direito durante o dia e de Jornalismo à noite.
 
Para tentar me destacar em um mercado de trabalho que conta com pessoas competentes vazando pelas janelas, fazer dois cursos de graduação simultaneamente não pareceu má ideia. “Esses jornalistas escrevem cada besteira quando o assunto é Direito, que burrice, pelo amor de Deus”, uma das frases favoritas do meu pai. Cheguei à conclusão de que cursando Direito não só deixaria de ser a ovelha negra da família como, de brinde, me tornaria uma jornalista que não é insultada pelo próprio pai.
 
Eu tenho milhares de ideias todos os dias, sobre temas diversos. O que fazer com fitas cassetes inúteis, uma ótima receita de sorvete de milho com cobertura de caramelo, como terminar o último parágrafo de um texto que comecei a escrever meses atrás... O único problema é que elas resolvem bater na minha porta em momentos nada convenientes, como quando estou no banheiro, dirigindo ou até mesmo com a boca aberta na cadeira do dentista. Por isso carrego sempre comigo um bloquinho de papel e uma caneta, assim a palma da minha mão esquerda fica livre dos meus rabiscos.
 
Foi em um desses momentos, enquanto esperava minha vez na fila do pão, que decidi que meu Projeto Experimental para conclusão de curso seria um livro-reportagem que contasse histórias de pessoas envolvidas no movimento alternativo, os hippies da atualidade. Até então, não tinha noção de como essa escolha teria efeito sobre o tema desse texto.
 
A oportunidade de conhecer pessoas que vivem em harmonia com a natureza, se preocupam com soluções ecológicas, em manter uma alimentação saudável e propagar o bem, me fez rever todos os meus conceitos. Nesse mesmo contexto, a experiência de viajar por vários cantos do Brasil atrás de entrevistas e personagens, acompanhada do meu inseparável gravador, fez com que eu me sentisse uma jornalista de verdade, com as dificuldades e encantos da profissão.
 
Sendo assim, definir quem sou eu significa responder por que escolhi o jornalismo como profissão. Eu sou um instrumento de apreensão da realidade e, assim como esta, estou sempre em transição.

2 comentários:

  1. Má,

    Como colega de classe e amiga, felizmente tive a oportunidade de acompanhar esse seu ''desabrochar'' tão bonito e que dá tanto orgulho de se ver.
    Parabéns!! Que vc trilhe seu caminho e se realize em todos os sentidos.

    Estarei aqui, nas arquibancadas da vida torcendo por vc, sempre.

    Um beijo e vai fundo!!!!!!!

    Marina Zerbinatti.

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  2. Eu também já te admiro muito, Ma. As suas palavras no livro me deixaram envolvida pra ir conhecer a comunidade Sabiaguaba. E agora, sempre darei uma passadinha por aqui pra te ler. Beijão
    (veja se lança seu livro por alguma editora. Conhece a KOMEDI? Se ainda não conhece,dê uma olhada!) http://www.komedi.com.br/site/

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